segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Colômbia e FARC assinam acordo de paz histórico

Depois de 52 anos de guerra civil e quatro de negociações, o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) assinaram hoje à noite na cidade de Cartagena um acordo de paz histórico, pondo fim a um conflito que matou cerca de 300 mil pessoas.

"Sejam bem-vindos à democracia", declarou o presidente Juan Manuel Santos depois de assinar o acordo juntamente com o líder das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, mais conhecido pelos nomes de guerra de Timoleón Jiménez ou Timochenko, diante de 15 presidentes latino-americanos e do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon.

O acordo precisa agora ser referendado nas urnas numa consulta popular convocada para o próximo domingo, 2 de outubro de 2016.

Bogotá está em festa. Pelo menos 13 mil pessoas se reuniram na Praça de Bolívar, no centro da capital colombiana, para acompanhar a assinatura do acordo de paz e festejar ao som de rock, rap, reggae e música caribenha.

O acordo prevê a concentração dos cerca de 8 mil guerrilheiros das FARC em zonas determinadas para entrega das armas, sua desmobilização e integração à vida civil. Quem cometeu crimes contra a humanidade não terá direito a anistia. Terá de responder a processo em tribunais especiais.

Para a Colômbia chegar à paz depois de décadas de guerra civil, falta agora o Exército de Libertação Nacional (ELN), outro grupo guerrilheiro marxista. Como o ELN reluta em negociar, há o temor de que alguns rebeldes das FARC simplesmente mudem para outro grupo.

A guerra civil colombiana começou em 9 de abril de 1948, com o assassinato do advogado Jorge Eliécer Gaitán, candidato do Partido Liberal à Presidência. Sua morte deflagrou uma explosão de violência, o Bogotaço. Mais de 2 mil pessoas foram mortas em 24 horas.

Era o início de um período de uma década conhecido na história da Colômbia como La Violencia, em que 200 mil pessoas foram mortas em conflitos políticos entre o Partido Conservador e o Partido Liberal que reviveram o conflito social histórico da Colômbia, que inclui a Guerra dos Mil Dias. Naquela década, liberais e esquerdistas foram para a clandestinidade.

As FARC nasceram em 1964 como braço armado do Partido Comunista Colombiano, de orientação soviética. Com o declínio do comunismo e o fim da União Soviética, a guerrilha passou a recorrer a sequestros, extorsão e tráfico de drogas para se financiar.

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