terça-feira, 16 de maio de 2017

Assessor de Trump diz que Muro das Lamentações não fica em Israel

Durante reuniões para preparar a primeira visita do presidente Donald Trump a Israel, o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Herbert McMaster, afirmou duas vezes que "o Muro das Lamentações não fica em território israelense". O governo Trump negou que seja sua posição oficial.

"Os comentários sobre o Muro Ocidental não foram autorizados e não representam a posição dos EUA nem, com certeza, do presidente", declarou um alto funcionário americano citado pelo jornal conservador israelense The Times of Israel.

Ao acertar detalhes da viagem a ser realizada em 22 e 23 de maio, McMaster teria rejeitado um pedido do primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu para acompanhar o presidente na visita ao Muro das Lamentações, alegando que o Muro Ocidental "não fica em seu território. É parte da Cisjordânia.

O Muro Ocidental ou Muro das Lamentações é só o que resta do Templo de Jerusalém, destruído por uma invasão romana no ano 70 depois de Cristo. Por isso, é chamado de Muro das Lamentações, onde os judeus rezam e lamentam a destruição do templo.

Hoje o muro fica junto à Esplanada das Mesquitas. Os israelenses chamam de Monte do Tempo e os árabes de Santuário Nobre, de onde o profeta Maomé teria ascendido ao céu depois da morte. Está situado no setor oriental (árabe) de Jerusalém, ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Como a direita israelense e os judeus ortodoxos sonham em reconstruir o templo, os muçulmanos temem que pretendam derrubar as mesquitas para fazer isso. Uma visita ao muro do então líder da oposição em Israel, Ariel Sharon, em 28 de setembro de 2000, deflagrou a Segunda Intifada (revolta das pedras) e acabou com uma iniciativa do presidente americano Bill Clinton de promover um acordo de paz definitivo entre palestinos e israelenses.

Até hoje, nenhum presidente dos EUA visitou o Muro das Lamentações no exercício do mandato porque a situação de Jerusalém precisa ser resolvida nas negociações de paz. A maioria dos países mantém suas embaixadas em Telavive por rejeitar a anexação do setor oriental de Jerusalém em Israel.

Na campanha para a Casa Branca, Trump prometeu mudar a embaixada dos EUA para Jerusalém. Havia expectativa de um anúncio no primeiro dia de governo. Em encontro dias atrás com Netanyahu para preparar a visita de Trump, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, explicou que a medida não foi tomada para não prejudicar as negociações.

O primeiro-ministro respondeu que a transferência "ajudaria o processo de paz" ao "acabar com o sonho palestino de que Jerusalém não é a capital de Israel". Netanyahu lidera um governo de ultradireita que depende do apoio de colonos instalados ilegalmente na Cisjordânia ocupada. Vários ministros, como Naftali Bennett, do partido Casa Judaica, falam simplesmente em anexar o território.

Historicamente, a direita israelense sempre foi contra a devolução dos territórios ocupados em 1967. Enquanto negocia para ganhar tempo, amplia a colonização para criar uma política de fato consumado. Em 2005, depois de dar uma guinada para o centro em busca da paz, o primeiro-ministro linha-dura Ariel Sharon, retirou as forças israelenses da Faixa de Gaza.

Dois anos depois, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), um grupo extremista muçulmano assumiu o controle da Faixa de Gaza depois de derrotar a Fatah (Luta) numa guerra civil palestina. Desde então, usa o território para atacar Israel, que contra-atacou em três guerras contra o Hamas.

As guerras em Gaza são citadas como exemplo pela direita israelense do risco que o país correria se os palestinos controlassem a Cisjordânia.

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