sábado, 6 de maio de 2017

Rússia é suspeita na ciberpirataria contra Macron

A advertência havia sido feita em março pelo presidente da Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos, Richard Burr: "A Rússia está ativamente envolvida na eleição na França." Quando, na sexta-feira à noite, a campanha do candidato independente e centrista Emmanuel Macron revelou ter sido alvo de uma "operação maciça" de pirataria cibernética, as principais suspeitas recaíram sobre o Kremlin.

Os documentos vazados incluem mensagens de correio eletrônico, contas e planos de campanha. Entre eles, teriam sido imiscuídos documentos falsos. A Justiça da França proibiu a divulgação das acusações a Macron, inclusive por pessoas físicas. O presidente François Hollande prometeu investigar o caso.

Um dos primeiros a divulgar os documentos foi o ativista americano da extrema direita Jack Posobiec, que divulgou várias notícias falsas em apoio à candidatura de Donald Trump nos EUA.

Desde que voltou à Presidência da Rússia, em março de 2012, depois de uma onda de protestos contra as eleições parlamentares de dezembro de 2011, o presidente Vladimir Putin iniciou uma guerra contra a democracia liberal, o Ocidente e suas instituições, especialmente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a União Europeia (UE).

Internamente, Putin censurou a Internet, perseguiu homossexuais e ativistas dos direitos humanos. No plano externo, interveio militarmente na Ucrânia e anexou a península da Crimeia à Rússia. Como no tempo da Guerra Fria, caças-bombardeiros russos invadem o espaço aéreo de países da OTAN, da Noruega a Portugal, e reiniciaram as patrulhas perto das costas dos EUA.

Além de alimentar perigosamente uma guerrinha fria, a Rússia faz uma guerra cibernética. É a principal suspeita de ter invadido os computadores do Partido Democrata dos EUA e revelado mensagens comprometedoras prejudicando a candidatura da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, a quem Putin responsabiliza por manifestações de protesto na Rússia.

O objetivo seria favorecer a candidatura do magnata imobiliário Donald Trump, que tem uma queda por homens-fortes e acenou com a possibilidade de melhorar as relações entre Washington e Moscou. Hoje há uma investigação no Congresso sobre os contatos da campanha de Trump com diplomatas e outros altos funcionários do governo russo.

Na França, Putin é aliado da neofascista Marine Le Pen, da Frente Nacional, que recebeu empréstimos de 8 milhões de euros de bancos russos. Marine é contra o euro e, se vencer, promete convocar um plebiscito para tirar a França da UE. Seria o fim do processo de integração da Europa, que Putin vê como nocivo aos interesses imperiais da Rússia, especialmente quando ex-repúblicas soviéticas pedem para entrar na UE.

Macron lidera com ampla vantagem. O escândalo de última hora, deflagrado quando a campanha estava oficialmente encerradas e proibidas as manifestações de candidatos e campanhas, não será capaz de reverter uma vantagem de 20 pontos percentuais ou mais.

Para a Frente Nacional, a meta é chegar a 40% do eleitorado, esperar o fracasso de Macron e se preparar para 2022.

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