terça-feira, 18 de julho de 2017

Mais de 98% votaram contra a Constituinte de Maduro

Mais de 98% dos 7,6 milhões de venezuelanos que participaram de uma consulta popular realizada pela oposição rejeitaram a proposta do ditador Nicolás Maduro de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte eleita por entidades leais ao regime chavista.  

Como próximos passos, a oposição venezuelana convocou uma greve geral para 21 de julho e anunciou a formação de um governo paralelo para fazer sombra a Maduro. 

O ditador da Venezuela insiste na convocação de uma Constituinte. Seu principal objetivo é tirar a legitimidade da Assembleia Nacional, onde a oposição elegeu uma maioria de dois terços.

Com sua nova Constituição, que revoga a Carta escrita e aprovada sob a inspiração do finado caudilho Hugo Chávez, Maduro ambiciona o poder absoluto e o fim das eleições democráticas.

Ao comentar o resultado ontem, o presidente da Assembleia Nacional, deputado Julio Borges, afirmou que na prática o mandato de Maduro está revogado.

Hoje à tarde, horas de milicianos chavistas se concentraram perto da sede da Assembleia Nacional. O Legislativo deve receber hoje o relatório final do Comitê de Postulantes às 33 vagas do Tribunal Supremo de Justiça e fazer as nomeações até sexta-feira, colocando-se em rota de colisão com o Executivo.

Pouco depois do meio-dia, a agência Bloomberg noticiou que os Estados Unidos podem impor sanções ao ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, e ao ex-presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello por causa das violações dos direitos humanos na repressão aos protestos populares, que não cessam desde o início de abril, com cerca de cem mortes.

A Venezuela enfrenta a pior crise econômica de sua história independente, com queda de mais de 20% no produto interno bruto nos últimos anos, inflação de 950% e desabastecimento de mais de 80% dos produtos básicos.

Com ou sem Constituinte, Maduro não tem resposta para esses problemas. Limita-se a denunciar uma conspiração internacional liderada pelos EUA com a conivência das classes dominantes venezuelanas.

Os EUA, a União Europeia e o Brasil apoiaram o resultado do referendo e pediram ao governo que desista da Constituinte. O governo Donald Trump ameaça impor novas sanções, enquanto o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pediu a intermediação do ditador de Cuba, Raúl Castro, para negociar uma solução pacífica.

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