quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Venezuela convoca eleição presidencial para 22 de abril

Depois de mais um fracasso no diálogo com a oposição, a ditadura de Nicolás Maduro marcou ontem para 22 de abril a eleição presidencial deste ano na Venezuela. Com a principal aliança oposicionista e os principais líderes da oposição proibidos de participar, a expectativa é de reeleição do ditador, apesar do colapso da economia do país.

A maioria dos países da América Latina, os Estados Unidos e a União Europeia já avisaram que não vão reconhecer o resultado da farsa eleitoral de Maduro, um dos piores governantes do mundo hoje, que levou ao colapso uma economia moderna e relativamente rica por ter as maiores reservas mundiais de petróleo.

O Conselho Nacional Eleitoral marcou a data cinco dias depois que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) anunciou a candidatura de Maduro, que adotou um tom triunfalista num comício: "O povo já decidiu. Nicolás Maduro será o presidente da República de 1919 a 2025", proclamou o ditador.

Hoje o Parlamento Europeu defendeu o aumento das sanções econômicas contra a ditadura venezuelana. O Chile abandonou a posição de observador no diálogo entre governo e oposição realizado na República Dominica. E a procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu inquérito sobre crimes cometidos durante a repressão às manifestações realizadas de abril a junho de 2017, em que 125 pessoas foram mortas.

Entre as manobras recentes, o regime chavista vetou a participação da aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) e dos principais líderes da oposição, o ex-candidato a presidente Henrique Capriles e o ex-prefeito Leopoldo López. López está preso e condenado sob a acusação de incitar à violência durante as manifestações de protesto de fevereiro de 2014, quando pelo menos 43 pessoas foram mortas.

Maduro está no poder desde a morte de seu padrinho político Hugo Chávez, em 5 de março de 2013. Começou a governar meses antes, com o afastamento do caudilho por causa de um câncer. Eleito presidente em abril daquele ano, o ex-sindicalista e ex-motorista de ônibus preside a um dos maiores colapsos econômicos da história moderna.

Em cinco anos, o produto interno bruto da Venezuela caiu à metade. A inflação deve chegar a 13.000% neste ano. O desabastecimento de produtos básicos, especialmente alimentos e medicamentos, passa de 80%. Os venezuelanos passam fome. Estão emagrecendo por falta de comida.

Com a deterioração da economia, a oposição obteve sua primeira vitória eleitoral desde a ascensão de Chávez ao poder, em 1998. Em dezembro de 2015, conquistou uma maioria de dois terços na Assembleia Nacional, o que lhe permitiria alterar a Constituição.

O regime reagiu impugnando as eleições de alguns deputados, com o apoio do Poder Judiciário, totalmente subserviente ao Executivo. Quando o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ,tentou cassar os poderes do parlamento, em abril do ano passado, a oposição saiu às ruas numa onda de protestos.

A saída do regime foi convocar uma Assembleia Nacional Constituinte eleita em bases territoriais, um deputado por cidade e dois por capital estadual, além de uma parte eleita por entidades pelegas ligadas ao regime. Ao dar todo o poder à Constituinte, anulando a Assembleia Nacional eleita democraticamente, o regime chavista virou uma ditadura escancarada.

Sob a orientação da ditadura comunista de Cuba, Maduro endurece o regime, mas mantém os controles de preços e do câmbio que levaram à ruína econômica da Venezuela. O dólar está sendo cotado hoje no câmbio negro a 235.402,45 bolívares e mais de 241 mil em Cúcuta, cidade colombiana situada junto à fronteira entre os dois países, informou o boletim de notícias Dolar Today.

A cada dia, mais venezuelanos emigram para a Colômbia e para o Brasil, entrando pelo estado de Roraima, que enfrenta dificuldades para lidar com a onda de refugiados.

É difícil imaginar o fim da crise terminal da Venezuela sem derramamento de sangue. Como as Forças Armadas são a base de sustentação do regime, só uma divisão interna e uma revolta armada parecem capaz de mudar a situação.

Ao matar o piloto rebelde Óscar Pérez, que no ano passado havia atacado de helicóptero o Ministério do Interior e o TSJ, Maduro e sua gangue deixaram claro que não vão tolerar nenhuma dissidência. Sabem que só a força armada pode derrubá-los e que, com a oposição desarmada, a rebelião terá de nascer dentro do regime.

Nenhum comentário: